domingo, 22 de fevereiro de 2009

Pesadelo horrível

Dei por mim rodeado de polícias. Tinham-me apanhado em flagrante delito a retirar notas falsas de uma máquina multibanco. Haverá crime mais hediondo?

O facto de as notas de 5 serem cor-de-rosa e as de 500 serem verdes indiciavam à partida uma marosca que não apreendi; era tudo um ardil. Não estranhei nem a presença das de valor mais alto, mas recordei uma coisa sobre os meus sonhos: são definitivamente a cores.

Por algum motivo a máquina avariada debitava notas pela inclusão de uma sequência banal de dígitos. Se bem me conheço, após o gáudio daquele enriquecimento sem justa causa, restava-me ligar aos serviços do banco e devolver a maquia que não era minha por mérito. Mas fui apanhado antes de provar as minhas intenções e acordei assim que destrincei as incongruências.

Juntar "notas falsas" e "multibanco" num sentido de proveito próprio, coloca-me à partida no topo de uma lista de marginais a quem a sociedade passa a cuspir na cara se lhe derem azo a isso. Não importa se o multibanco é algo que todos utilizemos no dia a dia e que as notas falsas nos possam vir parar às mãos no troco mais inocente. Se isto chega a notícia sou logo lapidado em público.

Assim como juntar "Charles Smith" à palavra "arguido" o torna de imediato num dos malandros mais execráveis. Para mim é, por enquanto, apenas um sujeito que ficou a dever quinhentos paus (eram mesmo escudos, há quinze anos, ou mais) a um amigo meu. O Mundo é mesmo um laguinho de patos.



Nem de propósito o telefone toca. A polícia está junto ao meu carro... Mau...

Afinal tinha deixado a janela aberta ontem à noite. Antes isso...

Tinham recebido um telefonema. Que mistério... Como eu estava em pijama, foram-se embora. O carro lá ficou mais uma hora... De janela aberta.

Há pouco tempo podia deixar as chaves à fechadura da porta de casa que ninguém assumiria isso como um caso de polícia. Isto agora do carro é logo um acontecimento. Um carro de janela aberta, bem estacionado há algumas horas... Ai, ai... Que excentricidade!

Ainda por cima ninguém me pôs nada lá dentro; ao menos o valor que me sonegaram os polícias do sonho, mas não.

Vá lá que não era um descapotável senão vinha nas notícias. Já vejo as parangonas: "Carro estacionado sem capota em zona habitacional".

Mas a realidade é assim. Mistura-se com as nossas fantasias, por vezes com uma oportunidade assustadora. Quando é ao contrário somos malucos. Assim, se não formos provavelmente ficamos.


© CybeRider - 2009

1 comentário:

Anónimo disse...

Cuidado com o que consomes antes de ires para a caminha.