domingo, 20 de junho de 2010

O Boneco de Corda


O Sol que brilha na rua
Hoje não brilhou para mim
E mandou recado pela Lua
Que esta noite, minha e tua,
Teria de ser assim.

Sofri um pouco, confesso
Por não sentir o teu beijo.
E desejei um processo
De encontrar um acesso
De resolver o desejo.

Olhando ao longe o vazio
Da tua ausência anunciada
Desejei perder este frio,
E o pensamento sombrio
De teres tu perdido esta estrada.

Recordei palavras tuas:
Que me amarás eternamente,
E imaginei-me pelas ruas
Pisando as pedras nuas
A fugir de toda a gente.

Lá longe oiço um barulho,
Tudo de ti me recorda,
Não me resolve o engulho.
E na noite azeda mergulho
Como um boneco de corda.

Vestindo esta ausência imensa,
Sinto a falta de um pedaço.
E também de forma intensa
A cabeça que não pensa,
E o coração que perde o compasso.

Ao Sol de amanhã vou pedir
Que afogue a minha incerteza,
Me dê ânimo para seguir,
Me traga as notícias por vir
E dê sabor ao meu pão sobre a mesa.

© CybeRider - 2010

6 comentários:

Mário Rodrigues disse...

As poesias... Têm muito de carta de amor...

Abraço

CybeRider disse...

E cartas de amor, quem as não tem?...

Abraço

Nirvana disse...

Já não se escrevem cartas de amor, Cybe!! Já quase não se fala dele sequer! E não falo só do amor homem/mulher, mas do amor em geral. Do amor pelo próximo. Não se acredita no amor. Passou de forte a fraco. De desejado a temido. Vá-se lá entender isto!
Quanto ao poema (lindo), se calhar há coisas que terão de ser, só porque sim!

beijinhos, Cybe :)

CybeRider disse...

Olá Nirvana,

Certas coisas dimensionam-nos o mundo e chamam-nos a atenção para os pormenores que de outra forma não chegaríamos a ver. Por vezes são coisas muito pequenas, outras causam-nos ansiedade por não lhes conhecermos o desfecho. O amor talvez seja aquilo que afinal nos liga a todos os nossos interesses, a ferramenta com que deveríamos contar para tudo, porém a eventual reciprocidade é o monstro que nos devora, não só no amor, mas também nas realizações dos intentos que perseguimos. Quantas vezes não batalhamos desmesuradamente por uma mera convicção, haverá melhor forma de paixão que essa, que nos faz vibrar e achar forças onde nunca pensámos tê-las?

Beijinhos

Nilredloh disse...

Ola´ Cyber,

Gostei muito do teu poema!

Um abraço,

Jorge

CybeRider disse...

Olá Jorge,

Há dias em que só a tristeza oprime, sem que mais nada reste a não ser incertezas, brinca-se com ela e toureiam-se os sentimentos, a poesia é um jogo em que nunca se ganha, e depois vem outro dia.

Abraço