Por duas vezes, duas, no espaço de um mês, sou confrontado com um maluco a atravessar a passadeira no momento em que o semáforo abre para mim, nem o mesmo maluco, nem a mesma passadeira, na minha cidade. Por duas vezes, duas, fico parado à espera que cada maluco atravesse. Tenho pressa. Penso que podia ser eu um daqueles malucos se ficar um bocadinho, só um bocadinho, mais maluco, talvez já ali à frente, no próximo cruzamento que tenha um semáforo, não o mesmo, outro, que aquele já está ocupado. Por duas vezes, duas, o motorista atrás de mim, nem sempre o mesmo, e verifiquei bem que não era o mesmo, que ainda me lembro bem do outro, tanto quanto me lembro bem deste, buzina e dirige-me impropérios, nem sempre os mesmos... Ainda tenho calma, nem sempre a mesma, mas ainda tenho esse nível de maluquice. De cada vez acabo por avançar, depois de cada maluco a salvo, e fico a pensar que afinal o maluco sou eu, talvez nem sempre o mesmo, mas sou eu decerto.
© CybeRider 2015
Sem comentários:
Enviar um comentário