Desdobrei o mapa sobre a mesa ampla.
Fechei os olhos. Estiquei o braço e deixei que o acaso escolhesse o meu destino. Passar da ideia à acção não foi obra do acaso. Chegar lá inteiro talvez fosse. Olhei o mar, companheiro de uma vida. Também ele sempre igual a si mesmo, indiferente aos acréscimos dos homens, que lhe são vil natureza.
A manhã calma propiciou o passeio pela marginal, solitária ainda. Apanhei o pequeno papel. Os pássaros murmuraram-me algo imperceptível. Era um pequeno talão onde a esperança de alguém parou por momentos, na escolha de cinco números e duas estrelas. Estava válido ainda. Não fosse o acaso e teria sido uma esperança em vão. Guardei-o na algibeira com a noção de que talvez o fado me quisesse murmurar algo, assim como os pássaros.
Tentei que o destino dos meus olhos vagueasse ao acaso. Não é um exercício fácil, parecemos direccionar os sentidos para as coisas que nos interessam.
As flores do jardim emanavam o aroma da frescura. Algumas gotas de orvalho estavam suspensas, aqui e ali, ao acaso. E os raios de Sol, que casualmente atravessavam a folhagem das árvores, embatiam-lhes e dançavam na direcção dos meus olhos, tentando feri-los e privar-me daquele pequeno milagre casual da natureza.
Escolhi uma cadeira na esplanada ainda vazia. Pedi a bica. Reparei no casal que passava casualmente por ali; trocavam risos. Senti-me bem. Diria que só por acaso não tropeçaram em mim. Saboreei a pequenos goles as primeiras gotas do café, por acaso bastante quente. Bebi o restante de um trago.
Reflecti então sobre o destino. O que nos reservará o acaso; esse milagreiro pardo que nos traça um caminho ignorado, esperançoso, desilusório, gratificante ou não, expiatório às vezes, inquisitório sempre, desejado, concreto e talvez indefinido?
Não existem acasos na natureza. Nunca houve laranja que brotasse de um galho ao acaso, nem onda que se abatesse em pedra “porque sim”. Não haverá raio que a natureza me mande, sem nexo. A física dirá por que motivo me terá calhado a mim.
Somos nós afinal que o traçamos, esse engulho que nos justifica tudo o que não explicamos. São as escolhas que abraçamos, e os desvios que nos infligem, que nos justificam tudo o que acontece.
No salão de jogo, a virtualidade que nos atribui um terno de seis aos dados não é um acaso. Fomos nós que fabricámos os cubos e lhes marcámos os ícones que simbolizam os números, criámos os números também, para interpretarmos a natureza casual, e acreditamos que aquele ângulo natural em que o vértice ou a aresta do pequeno cubo embate no pano verde e que define qual a face a ficar para cima, há-de determinar o sorriso que o futuro não anteviu. Nós demarcamos as regras, que pretendemos casuais para tudo aquilo que a natureza nunca pariu.
O dia esgotou-se num ocaso magnífico, esse bem real.
Segurei o pequeno papel nos dedos e fi-lo deslizar pela abertura da caixa de correio do prédio incógnito que me passava ao lado.
Também me passou ao lado o sorteio. Nunca cheguei a saber se alguém foi premiado naquele local, onde estive por casualidade.
Por um acaso posso ser um maçador. Estou convencido de que o sou a propósito. E afirmo à exaustão, para que não me esqueça, que o acaso não existe; a não ser como fundamento hipotético na nossa mente. E sempre criado por mão humana, será eventualmente a única criação exteriorizável, mas irreal, genuinamente feita a alguma imagem e semelhança.
E gostava que me corrigissem se, por mero acaso, estiver errado.
© CybeRider - 2009
20 comentários:
Pois, claro está que não!
Não estás errado. Realmente o acaso, tal como a liberdade, não existe! Tal como dizes, tantas vezes, lhe fabricamos a casualidade tentando iludir a sua inexistência.
Assim, terei de rever algumas das linhas de pensamento. A arrumação da biblioteca obedece a critério muito estritos, e tenho de reduzir o efeito dos desvios desprezíveis na curta distância, porque ao longe, ao longe viram-nos as razões...
Um abraço
Ó Mário, talvez não valha a pena dares-te a esse trabalho. Essa coisa fica tão bem na literatura...
Se nos libertamos do acaso a que já nos habituámos ficamos sem causa para o que de bom ou de mau nos aconteça. O acaso é uma ferramenta útil. Enquanto ele existe, conformamo-nos com a sorte, se o eliminarmos como deveríamos, só nos poderemos conformar com a injustiça. É muito difícil aceitar as desigualdades a que nos condenámos, tanto para o lado positivo como para o negativo. Com o "acaso" temos algo para culpar.
Um abraço Mário
(E haja esperança... Alguém pode descobrir uma volta ao texto...)
Por acaso (mas so mesmo por acaso) estás enganado(como quem diz. cada um tem a sua opiniao :P)...
está bem que eu sou teimosa (para muitos devo ser casmurra) mas tenho mesmo que discordar!
quantos nós nao fizemos já coisas por acaso, ou pusemos determinadas coisas em sitios por acaso?
o acaso é algo que acontece, sem que tenhamos uma motivo ou uma explicaçao para tal coisa...
e se assim é, existe o acaso.
"O acaso encontra sempre quem saiba aproveitar-se dele"...
nao me acredito que mesmo nao acreditando no acaso, nunca tenhas dito "olha, por acaso..."
ha tanta coisa que acontece por acaso...
e ja agora (se nao é indiscriçao)por acaso nao és de Lisboa? :P
beijinho :)
Olá Soraia,
Perdoo-te o atrevimento. És boa rapariga. :)
Mesmo usando a tua definição, as coisas que fazes inconscientemente são originadas por ti, e tens responsabilidade por elas, ainda que não te dês conta de que as fizeste, não há uma força sobrenatural que as comande.
O "acaso" como força da natureza que nos comande o destino é que está aqui em causa. É a mesma coisa de acreditarmos na sorte e no azar. Porém as verdadeiras "sortes" e "azares" não são as que nós definimos em jogos de que fizemos as regras, nos quais o tal "acaso" é uma invenção do Homem. Uma doença não surge por azar, um acidente também não. Há causas para as coisas para além da mera dimensão humana, mesmo que a causa seja indeterminada ou indeterminável.
Há também quem procure uma causa para as coincidências, e lhes encontre uma causalidade semelhante à sorte ou ao azar. Eu acredito que são meras coincidências e que não há espiritualidade que se preocupe em nos colocar ao caminho alguém que não víamos há 20 anos ou o último namoro de um parceiro.
(Já para uma mosca nos cair na sopa...)
Beijinho Soraia
P.S.: Vivi lá muitos anos. Mas "bica" já é genérico, vocês no Porto já sabem o que é. Chamar-lhe cimbalino é que acho mais esquisito, porque é o nome da máquina (La Cimbali) a dar nome à coisa; era assim como se se inventasse um nome para as refeições feitas pela Bimbi (tens sugestões?...)
:)
pronto....
nem vencida nem convencida (eheheh)
cada qual com as suas ideias!!
eu acredito na sorte e no azar.
acredito quando alguem tem muito azar, costumo dizer que "alguem lhe rogou uma praga" ou que é bruxedo (mas em mim nao acredito em bruxedo... isto sim é que é esquisito.
nao acredito no destino, porque nós até ja podemos ter um destino traçado na nossa vida, mas a qualquer momento algo muda, e o caminho que nos levava ao destino ja traçado, caminha noutra direcçao!!
se acreditasse no destino, diria que ainda iria durar anos e anos, que iria continuar a ter altos e baixos (afinal a vida até nem me corre mal, por isso nao tinha motivos para algo correr mal).
mas eu nao quero durar anos e anos, nao me quero ver a envelhecer, nao quero andar a depender dos outros, nao quero chegar a uma certa idade e sentir-me limitada...
o destino (se querem usar este termo)é quase sempre guiado por nós... somos nós que o escolhemos!!
por isso, nao lhe chamemos de destino, mas sim a caminhada da nossa vida!
Beijinho Cyber :)
("Bica" foi para picar-te um bocadinho... nunca usei a palavra cimbalino, talvez por nem sequer usar:P eu nao tenho o sotaque de Lisboa nem do Porto.. TENHO O MEU :) as pessoas é que gostam de optar por palavras diferentes quando têm o mesmo significado!!! afinal temos a "mesma lingua" porra... ehehe)
Cybe
Passei aqui a correr, não resisto a vir ler os teus textos.
Não acho que estejas completamente certo. Mas tenho de me explicar melhor, claro.
Eu volto, mas desta vez vou discordar um pouco, meu amigo ;)
Beijinhos
Pois Soraia, como já debatemos algumas vezes, eu também não tenciono mudar a opinião de ninguém. Limito-me a reflectir sobre as coisas e a procurar as chaves para as minhas próprias portas, senão tinha um gabinete de psicologia... :)
Claro que todos acreditaremos em algumas coisas, uns valorizam o sobrenatural, outros as exteriorização da alma, há os que acreditam na verdade e os que a contestam a qualquer preço, e os que acreditam nas mentiras sem lhes averiguarem a proveniência. Poucos acreditação em tudo e menos ainda em nada.
Beijinho Soraia
Nirvana,
Confesso-me algo inseguro com a tua determinação... Recordo-te que há bem pouco tempo afirmei existir uma razão para uma mosca nos cair na sopa, e temo que este texto esteja aquém desse devaneio.
Mas como refuto aqui um dos dogmas mais antigos da civilização, fico muito curioso em que encontres um acaso em que a mão humana não interaja, o que me provará que o acaso não está feito à nossa "imagem e semelhança", nem terá nada a ver com as nossas crendices.
Temo que se o encontrares seja uma preciosidade que busco há muito. Talvez um Santo Graal.
(E não me venhas dizer que voltamos à mosca...)
Beijinhos, e até já!
:)))
P.S.: E bem sei que "o último a rir..." Mas mesmo assim, já arrisquei.
Também penso que não há acasos. Na minha ideia, o que há é acontecimentos ou circunstâncias que encaixam umas nas outras. Se eu quiser que uma coisa aconteça, posso fazê-la acontecer, todas as consequências daí resultantes é que poderei não ter previsto, mas determinei-as com o meu acto. Uma coisa leva a outra.
Milu, não poderíamos estar em maior sintonia. Creio que o facto de não podermos determinar a razão pela qual uma coisa aconteça, não nos poderá levar a inferir que a mesma foi obra de um acaso. Sorte e azar serão duas faces da mesma moeda e são uma peneira para fugirmos à realidade que nos atormente.
Há quem defenda que o homem é o único ser vivo com capacidade para compreender que há-de morrer. Os outros não têm explicação para o seu instinto de sobrevivência. Sou capaz de admitir que sem essa consciência o meu sentido de "acaso" seria ainda menos exacerbado, talvez pudesse encarar tudo o que me acontecesse com a verdadeira justiça da realidade que teria a mutabilidade decorrente de um tempo de vida a que não antevisse o fim.
Precisamos do acaso. Pensámo-lo para nos servir.
não credito no acaso, não acredito no destino. talvez acredite numa conjugação de factores que em determinaod momento nos levam a optar por uma via em detrimento da outra. A escolha poderá ser boa ou má, determinante sem dúvida, mas quase sempre resulta de nós próprios e de factores que se vivenciam num determinado momento.
mas é tão mais fácil acreditar nesse destino, principalmente quando se escreve na melodia do fado e não se encontra outra desculpa para os males com que somos brindados
beijo
Olá uminuto, tenho facilidade em partilhar a tua opinão. Já defendi que somos especialistas em opções, desde que nascemos que as tomamos. Nunca optamos pelo pior, o objectivo que pretendemos cumprir determina as opções que fazemos para o bem como para o mal. São factores externos, desconhecidos, que nos acabam por condicionar.
Concordo que é mais fácil mencionar o destino que apurar muitas das causas, até porque algumas ultrapassarão os nossos limites. Continuarei a utilizar todas as palavras inerentes ao conceito desse "acaso", que abordei mais para lhe tentar definir a génese do que para lhe roubar a "magia".
Beijo
Também não acredito no acaso, mas apenas em meras probabilidades.
Hum... "Probabilidade: Razão que faz presumir a verdade ou a possibilidade de uma coisa; indício ou aparência da verdade; VEROSIMILHANÇA.(...) Pl. Razões ou circunstâncias que tornam provável uma coisa."
De facto mfc, posso acreditar nisso!
:)
Olá, Cybe
Por acaso, ultimamente parece que ando atrasada em tudo, o tempo foge-me por entre os dedos. O texto que coloquei ontem, Se, já o tinha escrito há uns tempos. Por acaso, não o publiquei. E, por acaso, até faz mais sentido agora.
Penso que somos, sem dúvida, os grandes responsáveis por tudo o que nos acontece, mas não acho que sejamos os únicos causadores. Há circunstâncias que nos são alheias, que não podemos escolher ou prever,que não podemos controlar. Começa logo no momento em que começamos a existir. Vou nascer ou não? Vou nascer numa família que me ama, ter a possibilidade de ter uma infância feliz, de ser uma pessoa minimamente equilibrada emocionalmente, ou nem vou ter hipótese de nascer? Vou nascer num país onde, apesar de nem tudo correr bem, ainda há algumas oportunidades, ou vou nascer num país onde a palavra mais dita é fome, ou onde aos 8 ou 10 anos me põem uma arma nas mãos?
Sem dúvida que aqui também haverá interferência humana, mas não minha, e é sobre essa que falo.
Se o nome correcto é acaso, não sei, há quem lhe dê outros nomes. Mas existe. Muitas vezes, mesmo quando acontecem coisas menos boas, sou eu a causadora. Tomei decisões, fiz opções erradas. Mas outras não. Como explicamos então que um fumador de 40 cigarros por dia nunca tenha cancro do pulmão, enquanto o sr. A, que nunca fumou, faz uma alimentação correcta, pratica todas as normas de uma vida saudável descobre que tem um? Azar? Sem dúvida, dos grandes.
Eu acredito que muitas coisas que acontecem são independentes da nossa vontade. Acontecem por acaso, por nenhuma razão em especial. Se depois eu tento dar-lhe uma razão, é outra história. Assim como acredito que a hora em que abandonamos este mundo também está determinada, e tanto faz eu correr ou saltar que não vou mudar isso.
Mas esta é apenas a minha opinião.
Beijinhos, Cybe.
Olá Cybe,
Não é por acaso que concordo contigo. É porque penso que tens razão. E caso discordasse, também o não seria. Haveria uma opinião contrária que o justificaria, lógico, não? Como lógico será, para mim, que nada acontece por acaso. Assim, tudo tem um "porquê" para acontecer.
Tudo o que se faça, aquilo a que chamamos o "acontecer", tem consequências. E tal como já aqui foi dito e muito bem, o que há é factos que podem não ser (e muitos não serão de todo) ponderados, previstos.
O "acaso" é apenas tudo o que acontece sem que para tal tenhamos uma justificação, que o nosso limitado cérebro entenda o motivo.
-"Por "acaso" não tens aí uma caneta?"
-"Por "acaso" tenho."
Ninguém tem uma caneta "por acaso"!!! Tem-se uma caneta porque se pegou nela e se guardou connosco. Porque quem pegou nessa caneta, previu uma possibilidade de precisar de uma e resolveu prevenir-se, não fosse faltar-lhe caneta num local onde só ele e mais ninguém precisasse! Pode-se trazer connosco uma caneta por se ter pegado nela com o objectivo de se apropriar dela para uma colecção. Pode-se trazer connosco numa caneta, por uma infinidade de motivos, onde, de todo, não estará incluído o "acaso"!
Quando li este teu texto, lembrei-me de imediato dum outro que publicaste recentemente...
"Há uma razão para uma mosca nos cair na sopa".
E vi agora nos comentários que te referiste a ele. Há uma razão para que tudo aconteça. Podemos é não conhecê-la.
Será o resultado de uma situação a que algo ou alguém está exposto. Por algum motivo interagimos com alguém, naquele ambiente. Naquele local e tempo. Onde se conjugam também factores externos que não dominamos, dos quais não nos apercebemos por não termos essa capacidade, a de controlar tudo o que se desenrola mais perto ou menos perto de nós. Se assim fosse, acidentes de automóvel, por exemplo, não aconteceriam, talvez... E chamamos-lhe acidente justo por algo não ter sido ponderado. No entanto, existiram motivos concretos que levaram dois carros (a exemplo dois), a chegarem à mesma hora, ao mesmo sítio, onde só pode passar um de cada vez!
E garantidamente, não será por acaso que discordarão de mim!
Um abraço Cybe, agora vou "meter-me" com a Soraia!
Olá Soraia... Vais desculpar-me a intromissão!:
"(...)nao acredito no destino, porque nós até já podemos ter um destino traçado na nossa vida, mas a qualquer momento algo muda, e o caminho que nos levava ao destino já traçado, caminha noutra direcção!!(...)"
Explica-me como sabes tu que esse caminho nos levava a um destino já traçado, para depois saberes que tudo mudou e que estamos a caminhar noutra direcção!!!
Tentei fazer esse exercício, Soraia, e reconheço que "não cheguei lá"...
Um beijinho!
Olá Nirvana,
O texto que colocaste ontem é uma peça fantástica. E o "pequeno" comentário que deixei, acabou por ser muito redutor. Mais uma vez baseei-me no argumento... Devia ter abordado a realização. Tenho vindo a concluir que caio frequentemente no mesmo erro que tantas vezes vejo noutros. Logo eu, que fujo ao carácter noticioso de alguns blogues, exactamente porque não considero fundamental o rigor da notícia neste meio. Aqui são as liberdades criativas que me atraem, a forma estética dos assuntos, a fuga ao saber instituído. Para rigor temos a tv e os jornais (e esses, que sendo profissionais deveriam ser objectivos, são como sabemos...), e temos lá também todos os técnicos que nos cirandam o dia-a-dia.
Claro que este "argumento" que se discute por aqui de forma bastante empírica acaba por se tarduzir em meras opiniões mais ou menos infundadas. E essa discussão acaba assim por ser animada e divertida.
Ora, por aí, e tendo em conta que isto não é uma peleia mas uma teima saborosa, devo notar que aquilo que afirmas acerca de circunstâncias que nos são alheias, imprevisíveis ou impostas, não serão acasos. São antes determinadas por causas desconhecidas mas sempre concretas. A dimensão casual que lhes atribuímos está no simples facto de não as podermos prever, compreender ou dominar. A limitação é exclusivamente nossa. O exemplo que referes à posteriori ao momento em que nasceste, só passa ao plano hipotético porque efectivamente o teu nascimento aconteceu, de forma nada hipotética, e não foi ao acaso. A questão do fumador ou não, poderá ter explicação genética ou ainda desconhecida, mas não é uma roleta russa, e a própria roleta russa, tem explicações bem definidas pela física, pela mecânica, tentadas também por teorias de cálculo de probabilidades, que explicam o facto de as coisas se complicarem em muitas das tentativas da rotação do tambor do revólver.
O acaso é um facilitismo que nos expurga algumas responsabilidades, e nos deixa o tempo livre para coisas, decerto mais importantes, do que tentarmos saber por que razão uma mosca nos caíu na sopa.
E a tua opinião que respeito, e agradeço por ser diferente da minha e me dar a conhecer um ponto de vista diverso, acaba por me indicar que talvez houvesse coisa mais importante a fazer. Talvez este assunto pudesse ter sido deixado ao acaso... :)
(Ou serei eu que estou a peder a capacidade de sonhar?...)
Beijinhos, Nirvana.
Gemini,
essas coisas nunca são por coincidências, e estas nunca são por acaso. De facto estava longe de imaginar que este texto acabasse por ter tantas participações tão empenhadas. O da mosca que cai na sopa foi de facto um aperitivo para esta interpretação, até porque não acredito que o pensamento ocidental fique atrás do oriental em coisa nenhuma. É assim como neste tema, pode haver nuances na abordagem, mas acabamos por ser todos feitos da mesma massa, e por voltas que se dêem as conclusões acabam por coincidir no fundamental.
A própria lei dos homens não deixa grandes margens a acasos. Recordo a situação da falésia que recentemente ruiu, em que se procurou logo apontar responsáveis, e a própria responsabilidade civil que existe ainda que o proprietário de algo que cause danos a alguém não fosse agente activo da acção, refiro-me ao vaso que cai da varanda por acção do vento ou ao cão que morde um transeunte.
A situação parece-me linear, e nem me mereceria a menção se não estivesse convencido de que deveria tecer alguma consideração para recordar que o mal que nos calha não é por azar. Há que batalhar e compreender que há muitos "azares" que se contornam e os outros, por não serem casuais, talvez sejam incontornáveis. E quando me esquecer deste princípio, já sei onde poderei vir, aqui tenho um manancial de opiniões para me voltar a colocar no rumo certo.
Também a tua ajuda foi, como sempre, preciosa.
Um abraço, Gemini!
P.S.: Fico atento ao desafio de tentares convencer a Soraia. Olha que ela tem ideias muito firmes e próprias acerca de muitos assuntos.
:)))
Olá, Cybe <.9
Estava com saudades dos teus textos e fui à tômbola. Vim ter aqui... por acaso. Claro que por acaso não é. Vim aqui ter porque cliquei lá, mas podia ter-me saído outro texto. por acaso não saiu.
Talvez por eu continuar sem saber responder, sem saber se o acaso exite ou não. Haverá uma razão para tudo...ou não como tu próprio dizes.
Beijinhos, Cybe!
Olá Nirvana!
"Há coisas fantásticas..."
Mas não conheço a mecânica que subjaz à tômbola, calculo que esse acaso é programado por alguma entropia complexa. No entanto isso não explica por que motivo te calhou, de facto não. Experimentei e calhou-me outro...
Beijinhos, Nirvana!
Enviar um comentário