Novos espaços renascem a cada ano para uma época alta que se espera sustente a aridez económica e social do Inverno. Esta sazonalidade, tão ansiada pelos profissionais do sector turístico e pela restauração, prevista milimetricamente, por quem sabe estar ali a dependência do sustento de famílias e localidades, pode ser desvirtuada por investimentos absolutamente surpreendentes.
Tive ocasião de ser convidado a um desses sugadouros da economia local. O "Manta Beach", na Manta Rota, localidade da freguesia de Vila Nova de Cacela, do Concelho de Vila Real de Santo António. O facto de ser convidado, e consequentemente agradecido, não me pode tornar num sequaz cego à realidade de que um local de culto como aquele, implantado por uma fabulosa máquina de marketing, poderá efectivamente ter um impacte significativo nas expectativas dos prestadores de serviços similares da região, que recordo se enquadra entre Tavira e Monte Gordo; principalmente num ano de crise que já ninguém nega, em que as coisas já seriam difíceis por si. A controvérsia lança-se porém ao apreciarmos o facto pelo lado da ocupação hoteleira, em que este tipo de estabelecimento, com inegável pendor mediático, terá por outro lado um impacte positivo, a avaliar.
À entrada colocaram-me um bracelete amarelo de distinção de classe que não sinto, e presentearam-me com um cartão de consumo e umas lembranças patrocinadas. O ambiente, de casa cheia, estava muito bem frequentado, a noite amena, a música ao agrado mesmo de alguém da minha faixa etária.
Confesso que não me alarguei para além das fronteiras do Vip Lounge e do espaço exterior. Estava lá para me divertir, com amigos, e o teor deste blogue não me permite análise jornalística, daí que não vos possa descrever a roupa da Maya, simpática e omnipresente, nem nomear algumas das outras caras famosas que por lá circularam nesta noite de festa. Para isso existirão os tablóides do costume.
A única extravagância acabou por ser o "Consumo Mínimo" referido no cartão. Nem que seja exagerado. 15 euros, parece-me bastante acessível a qualquer bolsa de veraneio. No meu cartão constava a oferta de uma bebida. Imaginei que teria direito a essa bebida e que poderia escolher bebidas até ao valor de 15 euros antes de ter que pagar mais que esta quantia pelos meus eventuais excessos.
Não é assim.
Na caixa fui presenteado com uma conta que ultrapassava em muito o dobro daquele valor. Ora eu tinha consumido três bebidas que totalizariam 27 euros. Sendo uma de oferta, seria legítimo que eu liquidasse os 15 euros, e o eventual excedente até perfazer aquele montante. Foi-me explicado porém que os 15 euros incluem de facto uma bebida "grátis", mas que todas as outras são pagas à parte. Paguei sem atrito, à laia dos meus bons costumes.
Consultado o meu séquito, verifiquei que a todos tinha acontecido o mesmo facto estranho. Não se tratou, por isso, de um mero engano de um funcionário.
Ora bem, não é pelo valor que me continua a parecer irrisório, mas é pelo conceito moderno e vanguardista de "consumo mínimo"...
Um estabelecimento daquela magnitude não deveria ter de recorrer a estes subterfúgios.
Digo eu...
© CybeRider - 2009
22 comentários:
Na primeira... quem quer cai!!
Na segunda... só quem quer!
Mas fico com a sensação que isto deve ser uma modernice, mfc... Acho que há algum tempo não era assim que se considerava o conceito. O espaço até é agradável, e custa-me a engolir este desleixo com um pormenor de alguma importância. Talvez seja eu... Que estou menos novo.
Caríssimo António,
O pior, e talvez seja por falta de inteligência da minha parte, é nem sequer percebo a operação matemática que da origem àquele resultado!!!
Ou será que já se está a contar com uns olhos, eventualmente, pouco observadores?
Um abraço
Ilustre Mário,
Não esperava pôr-te a fazer contas ou ter-te-ia dado o total.
Valor das três bebidas: 5+11+11=27
Segundo as "regras":
(A primeira está -então- incluída na taxa de 15 euros...)
Conta final: 15 +11+11= 37
Outras opções seriam possíveis, conforme o preço das bebidas e consoante a que se tomasse primeiro.
O facto é que não se trata de um "Consumo Mínimo Obrigatório" como consta do cartão. É de facto um conceito em que a primeira bebida (ou nenhuma) custa 15 euros e pronto...
Desculpa a omissão inicial.
Um abraço
De momento só me ocorre uma resposta!
PORRA!! DASSS!!
Desculpa-me os termos...
Estás à vontade!!! :)))
Como disse essas lá, já não as repeti aqui...
Tenho tantos trabalhos de casa atrasados, por aqui... e vens tu falar-me em consumo mínimo?
Vou já daqui corrida, de certeza! ;)
Até já!
Beijinho!
Cyberider:
Manta beach ou manta curta?
Abrass
Olá Pepita,
Aqui não tens que consumir. Vê o teu cartão... "Livre Trânsito", certo?
Até já!
Beijinho!
E...
Manta "Bitch" também assenta.
Mas gostei do Manta Curta, estica de um lado destapa do outro!
Abraço!
Com sumo, ficam eles "obrigatoriamente". Pois isso no minimo é "expremer"(-nos).
Ser "VIP" terá o seu preço, ao que parece. E o aberrante, é as pessoas fazerem-se pagar dessa forma, pela simples companhia de outros... VIP's!
O meu conceito de "VIP" é bem diferente! E posso fazer o consumo que bem entender quando me resolvo a estar com os "meus VIP's".
Agora, se me permites, vou ao frigorifico buscar algo fresco. Aqui, o único pagamento pelo consumo, é o "self-service"
Um abraço!
Olá Gemini,
O facto de me ter calhado em sorte o epíteto não quer dizer que o encaixe com facilidade (limitei-me a aceitar um convite). Só o referi porque foi a realidade que me foi dada a conhecer, não sei se usam a mesma artimanha com os que eles (e tenho que sublinhar o "eles") diferenciam na outra classificação, porém julgo que sim até porque as caixas de pagamento são comuns.
(Não me digas que o consumo aí nem chega a ser pré-pago!)
:)))
Um abraço!
Então de passeio pelos Algarves??
EStá-se bem, sim, que este ano o calor é muito e a temperatura à noite tem estado fantástica.
Fui ao Manta Beach (Bitch) também. Não como VIP ;)). Não gostei. Além dessas contas bem feitas que fazem, nunca vi um leque tão reduzido de bebidas. Só têm duas ou três coisas, relacionadas com as marcas que patrocinam esses espaços.
Sinceramente, acho que apesar de ser a época alta do Algarve, não tem nada a ver com o Norte e Centro. Como é evidente falo mais do Norte porque é o que conheço melhor.
Férias... apetece dar um pézinho de dança. E logo eu, que adoro música, dança... Fomos a um outro local em voga este ano, em Vilamoura. Música, música e o pessoal nem abanava o pézinho. Os meus pézinhos e dos meus amigos, pés do norte, estavam impacientes... e lá começamos a dançar. Ora, estou de férias, ninguém nos conhece, que me importa que olhem para mim como se fosse uma ET??
Com as bebidas a mesma coisa... ´queria isto... não tenho... então queria aquilo... não tenho... Então é melhor dizer o que tem!!
Boas férias, Cybe!
Bjks
Olá Nirvana,
Um dia hei-de escrever sobre o Algarve... Até lá, afianço-te que a época alta não é a melhor para visitares o Algarve com qualidade. Principalmente num ano de crise. Mas, como em tudo, é preciso conhecer... O Paraíso não estará em cada esquina, como não estaria para mim no Norte e Centro. Se queres uma discoteca de gabarito vai ao Clube T na Quinta do Lago. Estas discotecas de tenda (modernice que também não conhecia), têm limitações óbvias.
Aliás o Manta só está aberto até ao fim de Agosto. Depois desarmam a tenda e até para o ano. Só apanham a maré alta de incautos, depois deixam os ossos para os locais roerem, se é que me entendes...
Claro que a praia é a atracção principal. As que gosto mais são no Sotavento, nem sempre as mais óbvias. A mais conhecida é a Praia da Rocha em Portimão (no Barlavento)... Não gosto.
Acho que tinhas de te esforçar para te verem como ET. Não podes competir com as palermices de alguns "turistas".
Não estou de férias... Pertenço a essa raça maldita que tem por condão contribuir para que as férias dos outros sejam um desejo concretizado por Aladino.
Boas férias para ti Nirvana!
Bjks!
Olá CybeRider!
Permite-me esclarecer uma questão, que posso ter-me perfeitamente expressado mal. Não era minha intensão rotular-te (soa-me a exagero, mas tu entenderás o que quero dizer, que bem o sei). O conteúdo que transportas leva-te muito além de um insignificante rótulo de "VIP". Aliás, deixaste-o bem claro. Eu diria mais. Terá sido precisamente esse teu conteúdo que te terá levado a aceitar o convite. E considero que fizeste muito bem.
Eu refiria-me a outros. A outros que, quais pásssaros migratórios, acompanham estes eventos por todo o lado. Apenas com o intuito de "aparecer". Como diria o artista (e não o dirá à toa): "Tu queres é aparecer. Vai majé trabalhar. Fazer alguma coisa de útil pela sociadade."
Mas não... Creio que um fútil, pouco ou nada conseguirá fazer de... útil!
(Nem pré, nem pós pagamento!)
;))
Um abraço!
Gemini, (não há confusões.) :)
Há uma diferença fundamental. Para a socialite, VIP são aqueles a quem corre bem a vidinha, e tão só enquanto corra de facto bem, enquanto não falte a roupinha de marca e o cheiro a dinheiro ou o mediatismo que os badale.
Eu sou só um sem-abrigo com trabalho (por enquanto), que tem a sorte de ter a mão de alguns a ampará-lo e dessa forma pode produzir algo de útil para a sociedade. O convite em causa foi-me feito por amigos que me aturam como sou, e a quem admiro por terem a coragem de querer a minha companhia, vista eu o que vestir e diga eu o que disser. Calculo que eles já saberiam que isto acabava por vir aqui parar, e ainda assim...
(Já vi que também tens anjos que te guardam!)
Um abraço!
Classe e bom tom, não combinam então com Manta Rôta, nem que seja só na parte mais Beach da Manta. Pelo que sempre soube, consumo mínimo implica um valor mínimo a pagar e não um acrescento sobre o que se vai pagar.
Ou seja, se consumir só 10 euros, paga 15 porque é esse o consumo mínimo. Se consumir 27, paga 27 porque passou a "barreira mínima". A bebida de oferta não passa de um cocktail de palavras manhoso que acompanha bem com um livro de reclamações.
Mas, no Algarve e nessa zona específica, o peixe também duplica de preço ao fim de semana nos mercados, por isso já tudo é possível.
Parece que por aqui cheira a Algarve, vá lá saber-se porquê...;)
Sim, voltei! não foi porque tivesse o tal livre trânsito que me deste, mas para te agradecer o aviso. Desses enganos engenhosos.Ou que julgam ser. MAs é como aquele ditado, casa roubada trancas à porta. Depois de consumir não há muito a fazer, pois não?
Fico já a saber que não fico de pés bem guardados mesmo que a Manta até seja Rota. Será que poderei apanhar gripe? Fico mais com a carteira levezinha...
Caramba, se da primeira vez trouxe do Algarve uns fungos que me deixaram às pintas, espero desta segunda vez (já tão perto!) não ver buraco na carteira, que me faça perder o dinheiro na Manta Rota!
Garantidamente, não são as noites dentro de uma tenda- seja ela na Mata Rota ou no campismo- que me vão fazer gastar os meus tostões.
Até porque estava a pensar gastar os tostões no Festival do Marisco em Olhão.(vou experimentar. há uma primeira vez para tudo!) Não achas que será mais bem empregue o dinheiro?
Levo a manta, sento no chão e venho de lá rota...
Beijinho!
Olá Mac, o Mau,
(Que sejas bem vindo a esta tua casa! Já tenho aí referência ao vosso sítio, que visito com frequência. Obrigado pelo link!)
Consumo mínimo deveria ser de facto como afirmas. Costumava ser assim, e penso que ainda seja. Tenho de concordar contigo que são estes exemplos que desvirtuam o prazer de que poderia usufruir quem visita esta região nesta altura.
Quanto ao preço do peixe, até compreendo; que o esforço para o colocar nas bancas deve ser recompensado, porque os pescadores também gostariam de ir de férias, além disso as leis de mercado acabam por determinar que o aumento da procura justifique o aumento do preço, por isso desde que esteja tabelado... Podemos sempre pegar numa cana -se estivermos de férias- e partir à aventura (depois de pagar a taxa devida no multibanco -outra modernice-, claro) :)))
O que me lixa é entrarem-me no bolso daquela forma subreptícia...
Gostei de te ver por cá!
Olá Pepita,
(Então a soprar uma velinha no Queque... Maravilha!...)
Há coisas a fazer, como disse o Mac, podia ter pedido o livrito, e escrito lá o que deixei aqui. Só que aqui faço-o com prazer, lá seria com tristeza e com desconforto para quem me convidou (que até acho que já elaborou qualquer coisa...) e para quem me acompanhava. Independentemente de me considerarem por vezes um selvagem, ainda mantenho valores que me são mais importantes que a destruição de certos momentos na defesa dos meus princípios egoístas. O que lastimo, como referi no texto, não foi a quantia da conta, que até me seria justificável, foi a forma como a coisa foi apresentada que se me afigura de alguma desonestidade e pouco senso. (E quem sabe se não terá aqui mais visibilidade do que no tal livro...)
Como referi à Nirvana, o Algarve tem coisas muito boas, e algumas más também. Felizmente tenho a possibilidade de conviver com esta região fora destas épocas de enchente. Frequento alguns estabelecimentos que me oferecem a confiança necessária para lá voltar, e sou bastante conservador neste aspecto. (Ainda me falta conhecer o Sasha Beach em Portimão, mas não estou com grandes espectativas... Se bem que os media aplaudam, daí a minha desconfiança...)
Em relação à tua escolha, julgo que o Festival do Marisco será uma boa aposta, tenho ouvido boas recomendações, mas lá está, tenho alguma facilidade em comer bom marisco noutros síitos onde me conhecem e me tratam bem, daí que incrivelmente ainda nunca tenha ido a esse. Fujo um bocado às multidões, não sei se se nota...
Beijinho!
Olá outra vez Cybe!
Hoje decidi fazer gazeta às saídas e ficar em casa. Foi toda a gente passear. Eu fui em casa com o meu Prozac, jantámos, fomos até à praia, que ainda está com pessoas às dez da noite, onde um grupo estava a tocar batuque. Das melhores noites que aqui passei.
Há alguns anos que venho para o Algarve em Agosto, porque o meu filho era pequeno e viajar com ele assim era complicado. Tornou-se um hábito que pretendo quebrar no próximo ano.
Um conselho: não vás ao Sasha!! Fui lá ontem e, bem, não vou dizer só mal, porque jantei muito bem num local lá próximo. Mas o Sasha, não vale a pena ou então tive muito azar. Estava com uns amigos que tinham as ditas pulseiras para a zona VIP e pelos vistos não tinha consumo obrigatório, só pagava as bebidas (por isso, deve ser a mesma história). Lá fui eu de pulseirinha amarela que não combinava nada com o meu vestido ;). Perto das 3h, uma grande barafunda com a chegada do DJ, que pelos vistos era muito famoso, mas que se entreteve a arruinar todas as músicas. Nunca vi nada tão mau. A sério, era indançável, aquela música. E continua a mesma história, só tinham 2 ou 3 bebidas, as patrocinadoras. Quem não gosta de gin, vodka, whisky não bebe, ou tem redbull!
Como tão bem dizes, o Algarve tem coisas muito bonitas ainda, mas não percas tempo a ir ao sasha.
O festival de marisco é engraçado, só que geralmente tem muita gente.
Mas este sol e principalmente este mar valem muito!!!
Beijinhos
Olá Nirvana!
Ainda bem que voltaste, já me tinha passado pela cabeça que só ias conseguir ver o lado negro do Algarve. Seria uma pena. Agradeço-te o conselho em relação ao Sasha, aquilo fica um bocado longe para mim, e não morro de amores por discotecas, mas poderia muito bem calhar ir lá parar por algum motivo, assim já sei que a coisa é semalhante à que originou este texto.
Mas tive sorte com a música que era dos anos 80, disso não posso falar mal.
Quanto ao festival do Marisco... Pois, é das tais coisas, há que estar preparado para enfrentar a afluência, foi o que referi na resposta à Pepita. Mas é um bocado assim com qualquer festa que aconteça por cá nesta altura.
Pois, a eterna região de praia, e não saimos disto.
Diverte-te!
Beijinhos
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