Não sei qual foi a primeira gravação a atingir o sucesso da platina.
Mas lembro-me de ter aprendido, há muito tempo, algo sobre a primeira gravação. Foi feita num cilindro de estanho, e reproduzida num aparelho rudimentar, o fonógrafo, por um senhor que o inventou, chamado Thomas Alva Edison, e consistia numa frase: "Maria tinha um cordeirinho".
Conheci a Maria, não garanto que fosse a mesma, até porque não me mostrou cordeiro nenhum. Talvez por ter sido imolado para alguma celebração pascal, ou talvez por se ter tresmalhado com medo de o vir a ser. Nunca falámos de facto sobre isso, e já passaram tantos anos que ela se calhar nem se lembra.
Mas consigo imaginar com facilidade a surpresa que terá sido para o Mundo saber daquela notícia, dada por um senhor empreendedor que resolveu divulgar a todos aquele facto real.
Com alguns anos de experiência na observação da forma como as notícias se propagam, não me é de todo difícil imaginar que aquela frase, dita de boca em boca, terá levado a nossa Maria a ser considerada titular da maior ovinicultura alguma vez existente, e as consequentes dificuldades que terá tido para escapar à renhida perseguição dos agiotas que terão visto nela uma verdadeira mina de ouro, apenas comparável às do inóspito Klondike de há mais de um século.
Não sabemos se o cordeirinho era bem tratado, se era apenas mais uma peça de um rebanho. Mas sabemos que houve um cordeirinho e que pertencia à Maria. E sabemos também que aquele cilindro gravado, do qual talvez não se tenham feito muitas cópias, com a voz de um inventor que teria os dons artísticos de um Zé Cabra, foi o precursor de todas as gravações que há no Mundo.
Isso é, no mínimo, notável.
Pelo meu lado, tive alguns periquitos, dois cães, um ouriço, algumas rãs, um cágado, peixes dourados e tropicais, um papagaio cinzento, um canário amestrado, um casal de bicos de lacre, vários hamsters, um porco da índia, e outros que agora não me ocorrem. Gostei muito deles, e estou certo que se o Edison fosse vivo, teria gravado um cilindro, que teria que ser maior, para perpetuar a minha memória.
© CybeRider - 2009
4 comentários:
Andas a comer muito queijo, pá?
:)
Acho que vou ficar com uma memória de elefante, mas só amanhã... (É que hoje a minha 2ª. está como a tua, a arrebentar com a caixa).
:)
Também tive um cágado e uma família de ouriços, um porco da índia que se transformou em 19 e comeram o jardim da minha mãe, um cão, um gato, mais umaa coisas de que não me lembro e, pasma que é rela, uma enoeme borboleta que se amestrou não sei como e se prendia à minha camisola.
Nenhum deles falava.
Agora tenho uma ovelha bué estranha lá no Photomelomanias. Se a quiseres, é tua.
Abraço.
Essa coisa dos porcos da Índia terem comido o jardim da tua mãe é fantástica, acho que nunca me aconteceu nada assim tão catastrófico (bem tive um periquito que caíu numa lata de verniz... e levou algum tempo a curar...) Quanto à ovelha, já passo por lá, agora com a Páscoa à porta, isso com umas batatas... Logo te convido para a janta!
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