quarta-feira, 15 de abril de 2009

O especialista

Desde que nascemos trazemos uma capacidade deveras invulgar.

Começamos imediatamente a fazer escolhas. Desde o sugar o mamilo preferido em detrimento do outro, até chuchar um dedo da mão ou um do pé.

Não sei até que ponto o bem e o mal serão escolhas ou formações congénitas que aplicamos num caso por conveniência, no outro por sujeição; mas sei que as decisões que temos de tomar ao longo da vida nos irão tornar em autênticos especialistas.

Desta forma, custa-me aceitar que alguém afirme que tomou esta ou aquela decisão incorrecta. E isto só pode ser um defeito, que também os temos! Já me aconteceu, pensar que podia ter optado de outra forma, é nesses momentos que apelo à razão e me condeno.

O que torna as decisões acertadas, ou não, são fundamentalmente factores externos, a constatação do sucesso ou do fracasso, é apenas a verificação das consequências, que também não dependem de nós.

No que varia pelas nossas premissas tudo o que decidimos é de facto exemplarmente bem decidido. Sempre analisado pelo nosso sentido de integridade física ou moral, ou pelo nosso instinto de sobrevivência mais ou menos exacerbado, ou pela aprendizagem de regras e comportamentos que acabam por nos apurar os gostos e definir desejos e ambições, ou rejeições e repulsas.

Tudo o mais são factores que não temos capacidade para controlar, ou porque não lhes conhecemos as origens, ou porque não os estudámos o suficiente, ou porque alguém decide trocar-nos as voltas, ou porque a natureza decide que aquilo de facto não será assim.

Como não podemos conhecer todos os factores, decidimos com base na especialização que fomos apurando ao longo do tempo, e consequentemente sempre da melhor forma que nos é possível.

Claramente, nem todos temos ao dispor os mesmos caminhos, opções, e consequentes decisões. As nossas vidas são, por isso, muito diferenciadas.

Acredito que nada na nossa vida poderia ter sido diferente do que de facto é, no que deriva das nossas decisões; a menos que não fossemos humanos, exímios em escolhas, e tivéssemos optado algures no nosso percurso por algo que tivéssemos acreditado ser menos interessante ou conveniente, quer fosse em nosso próprio benefício, ou para beneficiar a outrem para o regozijo do nosso ego, ou por um grau de altruísmo superior ao nosso sentido da vida.


Estive indeciso em colocar aqui este texto. Agora sei que foi a escolha certa.

Pois, se ele aqui está...



© CybeRider - 2009

6 comentários:

MorTo Vivo disse...

Cyber,

Subscrevo tudo isto, as decisões são tomadas pela "experiencia que fomos acumulando". Também acredito que a diferença entre as boas e as más decisões dependem de cada caso e sobretudo de qual dos lados te encontras, mas acho sobretudo que pior que uma má decisão é a falta de uma.

Abraço
MorTo Vivo

CybeRider disse...

Obrigado MV, o teu comentário leva-me a pensar no conceito de falta de decisão... é que a Abstenção pode ser uma decisão em si. Mas é a Indiferença que nos lesa, e penso que é a esta falta de decisão que te referes.

Agradeço-te a tua decisão de me deixares esta ideia. ;)

the dear Zé disse...

Fala por ti. Eu só sou especialista em disparates e asneiras o que, como especialidade, deixa muito a desejar.
Abraço.

CybeRider disse...

Caçador, acho que ainda não te deste conta do dom fantástico que tens. Isso bem apontado fará muita gente feliz!
Abraço!

shark disse...

O meu preferido é o esquerdo. O que fica à minha direita...
:)

CybeRider disse...

Shark, com essa frase deixas claro que o Mundo não é a preto e branco. Quem escolher o direito (que ficará à esquerda) não deixará de estar também correcto. Decisões boas são as que nos servem, não tendo que ser prejudiciais para alguém.
:)