Fui há cerca de cinco anos ao Palácio de Estói, perto de Faro.
Penso que por esta altura será a "Pousada de Estói", que deveria ter surgido já no ano passado mas...
Enquanto deixei o canadiano a tirar fotografias com a sua HP digital, ainda raras por cá na altura, ele embevecido com o aroma a história e o pitoresco das figuras e traça rococó dos edifícios e azulejaria, fui por minha conta respirar o ar fresco e apreciar a sombra do arvoredo, agradável por aquela hora de almoço.
Eis senão quando me deparo com um leão... Não era.
Era uma tabuleta onde se lia "Fábrica de Gelo".
Guardo aquela imagem. Não tinha máquina para a fotografia, e acho que o canadiano nunca ia compreender o meu interesse por um edifício ruinoso e vazio ao ponto de me emprestar a dele, cheia de preciosidades para levar dali a momentos para o Novo Continente (não é o do Belmiro).
O caminho sinuoso levou-me à despedida no aeroporto, e a casa. Pensava como seria possível, no início do século passado, fabricar gelo com trinta e sete graus à sombra. Quando a maioria das casas não tinha esgotos, nem luz eléctrica, nem computadores. Quando a maioria das pessoas não sabia ler, nem escrever SMS's. Quando o burro que as levava ao mercado não tinha GPS, nem ABS, nem HDTV. Quando o inglês que hoje falamos soava ao chinês que a maioria ainda não apreendeu.
E havia uma alma a fazer gelo no meio do Algarve.
Não consegui saber mais nada sobre a fábrica. Nem se os trabalhadores saíram com a crise de 1929. Não havia guia (à hora de almoço, digo eu em eufemismo), a vegetação tentava a reconquista, como em tantos outros monumentos, os panfletos inexistentes perduram até hoje.
A História, as histórias, as gentes, os cheiros, as cores, estão todos no meu pensamento.
E gostava que tivesse sido assim.
© CybeRider - 2009
O Palácio
2 comentários:
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