Num blog por onde passei encontrei um nome feminino charmoso, um colorido ameno, textos com alma. No perfil uma referência: "Touro"...
Imaginei-me a entrar no Labirinto de Dédalo para me enfrentar com a versão sáfica do Touro de Minos. Imaginei-lhe os fartos seios matriarcais, as coxas grossas, o úbere massivo (sim, seios e úbere que tinha de ser um monstro). Qual Teseu, aventurei-me a medo e deixei um comentário tímido a um lugar comum.
Afinal tudo não passava de gigantismos do meu imaginário. Revelou-me um belíssimo gesto humano, ao retribuir-me a visita.
E pensei... Por que raio será tão difícil de ver que as ubíquas ondas de rádio, de televisão, de GPS, têm decerto mais efeito sobre nós que as emergências de Urano? E que afinal as radiações do micro-ondas, do leitor de CD, ou do motor do aspirador, nos constringem mais que os anéis de Saturno?
Por mais voltas que dê, não encontro explicação para esta incongruência fundamental.
Menos ainda para o enriquecimento dos clérigos desta doutrina, nem para as crenças que suplantam relativamente à adoração tradicional do divino. Hoje é mais fácil o exorcismo pelo lançamento dos búzios ou por um jogo de cartas que pelo enfrentar do crucifixo.
Não que me seja mais fácil aceitar a supremacia de uma divindade todopoderosa; afinal se existisse, o termo heresia não faria sentido enquanto causa para a punição dos descrentes (prefiro "incautos"). Mas é toda uma (mais outra) tradição que definha.
Pode parecer desilusor que no meu ajuste de contas passe de agnóstico a isto. Atento ao facto de ter compreendido que este lindo planeta azul é afinal um pequeno grão de areia, em comparação com outros corpos celestes, sou levado a crer - sem urgência de olhar às vítimas do Tsunami ou de massacres africanos - que isso nos deixa numa dimensão invisível mesmo aos olhos minuciosos de um Deus.
E se por um lado a atoarda de que o tamanho não interessa, possa funcionar como catarse para algumas psicoses, neste caso concreto não me ajuda.
Por outro lado, a imagem desse Deus sempre ofuscou as criações verdadeiramente divinas do Homem, acabando por não nos tornar melhores ao afirmar a nossa própria inexistência, que tantas vezes recordamos uns aos outros com reforços do olhar para o etéreo.
Sei por isso que vou ter uma dificuldade. Na hora do julgamento final, terei que Lhe mostrar também a Ele, que não existe. Penso que vou ter sucesso. Apesar dos milénios que Ele me leva de avanço...
Levo anos e anos de prática sofrida daqui.
© CybeRider - 2009
8 comentários:
Pois. É fé dos homens (que afinal não passa de um programa de televisão).
Já alguém te disse que escreves bem comó caraças? Ou sou o 1º?
Z
Epá és mesmo o 1º! (vide os restantes 2 comentários do resto deste blog). Daí as dúvidas desfeitas: estás mesmo enganado! E tenho encontrado por aqui exemplos que me deixam mesmo desmininguido!
E esta malta deixa-se ultrapassar por tanto palhaço (ou deixa, a sociedade...). Acho que a literatura está muito subvalorizada.
(E apesar de tudo... Acreditas que existo!)
Se este texto começa graças ao meu perfil...muchas gracias, senor!
Se oa meus textos, são textos com alma? tentam ser! Sem fingimentos nem subterfúgios.
Quanto à tua divagação no mundo das crenças e das religiões, o pensamento parece-me profundo e de um sem número de interrogações.
Mas as coisas que desconhecemos, causam-nos isso mesmo e amedrontam-nos!
Espero que voltes mais vezes, que eu vou fazer o mesmo por estes lados.
Beijoca!
(Olha! Ainda por cima me chamou medricas...)
:)))
Não te chamei nada medricas!
Ai, falamos a mesma língua ou não?
Beijoca
Já cá não está quem falou! :)
(As paredes têm ouvidos...)
Beijoca
Eu li!
Obrigado, Mário!
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