domingo, 1 de março de 2009

Um segredo para o sucesso

De todos os fanatismos, que podemos ou não aceitar, para alcançar o sucesso de uma empresa há um que me parece merecedor do prémio Nobel.

Pela sua simplicidade e êxito garantidos, é a pedra basilar para a sólida criação de um império.

Compreendo que nem todos queiramos regular um império, por isso há que aplicar este princípio na medida certa do poder que pretendemos alcançar.

Uma ressalva: Não me vou debruçar sobre a aplicação desta fonte de êxito à função pública. Não porque não resulte, ou porque não encontre falhas naquele sector, mas porque nada parece entrar nas cabeças autónomas dos detentores dos poderes públicos, sendo por isso inútil aconselhar com o que sei ser despiciendo.

Estou a falar, como decerto os mais sagazes já depreenderam, da gestão de clipes.


Em todo o sector administrativo da área empresarial nos deparamos, no decurso do processo, com a acumulação de expediente. Seja pela aplicação do articulado duma área particular do Código do Trabalho - Férias, Feriados e Faltas - seja por acréscimos pontuais da actividade da empresa.

Existe uma efectiva e comprovável afectação de recursos preciosos nesta tragédia que contamina cobranças; pagamentos; encomendas; e toda uma miríade de situações mais ou menos prementes que se traduzem, directa ou indirectamente, em quebras de lucro ou (porque não dizê-lo?) prejuízos descarados.

Independentemente de situações mais ou menos generalizadas de eventuais crises e decorrentes soluções, tão discutidas por economistas, financeiros, empresários e outros entendidos em panoramas macroeconómicos, é sobre cada uma das entidades empresariais que este flagelo se faz sentir e, como tal, deve ser atacado.

Assim, é um acto primordial de boa gestão que cada colaborador com responsabilidade no sector administrativo de cada empresa tenha ao seu dispor apenas uma caixa -ou eventualmente, em empresas em vias de desenvolvimento, duas - de clipes. Estes não serão renovados, devendo durar a vida da empresa ou até que a ferrugem os devore, sendo reaproveitados à medida que os papéis unidos por eles deixem de estar pendentes.

O rigor desta medida deverá ser cumprido à exaustão, defendo sem receio que a exclusão de um colaborador da empresa seja a única via em caso do seu incumprimento, a menos que se verifique algum impedimento devidamente comprovado por documento oficial, como atestado médico por doença, ou certidão de óbito de parente próximo.

As empresas nacionais (perdão... Portuguesas) não podem continuar nesta imagem terceiro-mundista do expediente em atraso. Olhem para os tribunais; para as conservatórias; é essa imagem que queremos no seio das nossas empresas? Avento que não!

Papéis em dia não estão unidos com clipes. Estão anexados com sólidos agrafos, ou devidamente arrumados em pastas decentes e organizadas.

Este conselho gratuito deve ser levado muito a sério. Recomendo a troca de noites de sono por meditação séria e honesta de quem responsável sobre esta medida, de simples execução, que libertará muitos de muitas dores de cabeça.



Noutro momento falarei da liberdade de acesso à caixa registadora, que se me afigura porém de menos importância.




© CybeRider - 2009

4 comentários:

mfc disse...

Nunca tinha visto analisado ao pormenor o "cluster" da gestão de clips!
É sem dúvida o ponto de viragem em tempos de crise!
Parabéns pá, por este texto bem humorado.

Anónimo disse...

Não te conhecia este pendor surrealista. Continua, é um bom caminho. Nos dias que correm é a realidade que nos agasta.
Abraço.

CybeRider disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
CybeRider disse...

Caçador! Descobriste-me a careca. O surrealismo é o refúgio dos desiludidos que cansados de opinar aos surdos preferem relatar a sua própria realidade que debater-se com o mundo "dos outros". É isso que tenho feito aqui. Lamentavelmente não há fotos que o demonstrem. Mas ela está aí, bem à vista. O contacto contigo, com o mfc - a quem agradeço esta cereja no topo deste bolo - e outros que admiro pelo empenho, esperança, força vital, clareza de ideias, fazem-me ter fé de que um dia se desbrave um espaço neste mundo para mim, que vou perdendo a persistência.

Senão porquê escrever sobre os vencidos?

É que Deus tem um jardim. O meu Mundo é diferente. Se tiveres pachorra o próximo post dá uma ideia... (é de 1982)

Para encaixar no jardim de Deus os descrentes, desiludidos, inadaptados, têm dois caminhos: uns matam-se os outros esfolam-se.

Vide para uma definição da realidade (alheia à explicação da corrente pelos dicionários) os meus anjos: Mário Cazariny; Luís Pacheco; Allen Stewart Konigsberg (vulgo Woody Allen: “As pessoas sempre se enganam em duas coisas sobre mim: pensam que sou um intelectual -porque uso óculos- e que sou um artista -porque os meus filmes sempre perdem dinheiro.”).

Pelo meu lado, não uso óculos, as pessoas enganam-se menos. O dom anti-Midas vem por acréscimo.